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terça-feira, 18 de agosto de 2009

Indústria automobilística aposta no crédito para crescer sem desconto do IPI

Economistas apostam na superação da crise em 2010 e na volta do crédito.
Fim do desconto do IPI deverá promover queda nas vendas.

A proximidade do encerramento do ano traz uma dúvida comum entre as empresas do setor automobilístico: será a hora de se preparar para a retomada do mercado? Para os economistas presentes no Seminário Autodata Planejamento 2010, realizado nesta segunda-feira (17), em São Paulo, a resposta é sim. O cenário positivo é traçado pelos especialistas mesmo com o fim da redução do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI).

De acordo com a economista chefe do ING Bank, Zeina Letif, abrir mão do desconto sobre o IPI não vai impactar negativamente o desempenho do próximo ano. “A redução do imposto foi essencial, mas dá para dizer que o pior da crise já passou”, observa a economista, que ressalta como fatores que ajudam neste quadro a pressão cambial forte, que não gerou inflação, e a preservação do salário do trabalhador.

Apesar dos sinais positivos de reação da economia brasileira, o diretor da empresa de consultoria AC Pastore & Associados, Afonso Celso Pastore, acredita que o humor do consumidor será afetado pelo fim do incentivo fiscal em um primeiro momento. “A redução do IPI vai trazer a retração da demanda. A queda de vendas não será menor a 5%”, alerta o consultor.

Por outro lado, disponibilidade de crédito (para empresas e consumidores) e exportação devem se recuperar no ano que vem, o que ajudará a indústria automobilística nacional a manter o crescimento. “Ainda há espaço para o Brasil crescer em termos de crédito. Exemplo disso, é que o volume das operações de crédito ao sistema financeiro do país dobrou em dois anos”, afirma o vice-presidente de negócios internacionais e atacado do Banco do Brasil, Allan Simões Toledo. Segundo ele, a crise foi de confiança, mas o setor financeiro já se recupera.

Afonso Celso Pastore reforça que as taxas de juros menores permitem crescimento econômico maior e, com o sistema bancário livre da crise, o crédito no país voltará à expansão e passará a corresponder mais de 50% do PIB.


Além da disponibilidade de crédito, a previsão dos especialistas é de que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) chegue a 4,3% em 2010 (ao partir de um patamar considerado baixo em 2009), já a taxa básica de juros (Selic) deverá ficar abaixo de 9% e o spread bancário cairá com a redução do nível de inadimplência.

Em relação às exportações – o grande obstáculo do setor -, Pastore acredita na recuperação da economia mundial e que os países asiáticos, puxados pelo crescimento da China e os Estados Unidos, – que possui agressiva política fiscal e monetária – serão os primeiros a sair da recessão. “A Europa vai sair mais lentamente, porque possui países em diferentes situações como Alemanha e França em recuperação e Itália e Espanha em dificuldade”, afirma o consultor.

O México, na visão dos economistas, irá acompanhar a retomada dos Estados Unidos. Já o chefe do Centro de Crescimento Econômico do IBRE, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Samuel de Abreu Pessoa, acredita que a Argentina deverá crescer no próximo ano e voltará a importar produtos manufaturados do Brasil.

Pelo novo cenário traçado a partir de 2010 pelos especialistas, as chances de o próximo ano trazer novo recorde ao setor são grandes.
(G1)

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