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segunda-feira, 25 de maio de 2009

Brasil terá de aperfeiçoar a tecnologia flex, apontam especialistas

EUA aumentam rigidez para emissões e pressionam outros mercados.
Consumo de etanol ainda é elevado no sistema bicombustível brasileiro.

A corrida dos Estados Unidos para reduzir consumo de combustível e emissões começa tarde. Europa e Japão e até mesmo o Brasil já possuem programas contínuos que incentivam a indústria automobilística a investir em veículos mais ecológicos. Entretanto, o posicionamento agora rigoroso dos Estados Unidos influenciará os mercados emergentes a adotar soluções “verdes”, especialmente na adoção de combustíveis renováveis. Neste caso, o desafio brasileiro será aperfeiçoar a tecnologia flex, já que o consumo de álcool ainda é elevado nesse sistema.

“O Brasil por causa do etanol tem a vantagem do carro flex, mas terá de melhorar muito tecnologicamente. Do ponto de vista de emissão, o país está muito bem, mas em consumo está em desvantagem, porque o carro abastecido com álcool consome mais”, explica o vice-presidente da empresa de consultoria CSM Worldwide.

Para Cardamone, a busca pela redução de consumo virá também da forte pressão dos clientes e obrigará as montadoras a trazer tecnologias que já existem em outros mercados. E isso não demorará tanto. Segundo o vice-presidente da CSM Worldwide, esse movimento deverá acontecer nos países em desenvolvimento, como o Brasil, entre 2015 e 2018.


Segundo o consultor de emissões e tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Alfred Szwarc, a Unica tem conversado com as montadoras sobre o aperfeiçoamento do sistema bicombustível. “A gente entende que é possível agregar mais tecnologia aos veículos nacionais. Esperamos que o programa de etiquetagem de economia de combustível do Inmetro seja outro elemento motivador desta melhoria”, diz Szwarc.

Na opinião do consultor da Unica, a medida dos Estados Unidos não terá repercussão imediata, mas reforçará a nova legislação para combustíveis que será anunciada ainda este ano pela Agência Ambiental dos Estados Unidos, a exemplo do que foi adotado pelo estado da Califórnia. “Essas duas medidas combinadas poderão trazer impacto positivo sobre o etanol brasileiro (de cana-de-açúcar), que tem baixo nível de emissão em relação ao etanol do milho”, observa Szwarc.

Etanol é solução local

Apesar do interesse de fabricantes de veículos no uso de etanol, como é o caso da Ford, o álcool combustível é considerado uma solução energética restrita ao mercado brasileiro. “Só conseguimos os flex porque nos anos 80 tivemos carros a álcool, então diria que não foi nada planejado, o carro flex foi mais uma visão de marketing do que algo para resolver o problema ambiental”, avalia Cardamone.

Na visão do consultor, isso significa que o Brasil não se tornará grande exportador de etanol ou de tecnologia flex, exportando baixos volumes. De acordo com Cardamone, a América do Sul vai começar a fazer blends de 5% a 10% de álcool na gasolina. Acima de 25% de mistura, é preciso alterar os componentes do veículo, o que o torna ‘flex’, como é o caso de modelos E85 (com 85% de etanol e 15% de gasolina), já existentes nos Estados Unidos e na Europa. “Só a Colômbia adotará o E85, mas em 2012”, ressalta o consultor.

Entretanto, Alfred Szwarc diz que a dificuldade de exportar etanol para o mercado norte-americano em volume maior do que é vendido atualmente é uma questão de mercado. “O mercado dos EUA está deprimido, qualquer aumento de exportação vai estar relacionado ao aumento da demanda.Segundo ponto, há o fator preço, e aí entram as tarifas”, explica Szwarc sobre as dificuldades em melhorar a competitividade.

Segundo ele, não há perspectivas claras sobre como o novo congresso americano irá se comportar em relação às barreiras alfandegárias. “Historicamente, um congresso dominado por democratas é mais protecionista, vamos esperar para ver”, acrescenta.

Commodity

Para ajudar nas exportações, o Brasil tenta transformar o etanol em commodity. De acordo com o consultor da Trevisan Consultoria, Antônio Carlos Porto Araújo, o processo de “commoditização” é lento, mas ganhou ajuda com a mudança da nomenclatura de “álcool” para “etanol”. “O combustível vai entrar no mundo como etanol, para a commoditização é preciso seguir uma série de requisitos e classificações, que passam também pela nomenclatura”, observa Araújo. Segundo ele, outro mercado em potencial para a importação de etanol é o africano.

(G1)

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