Em São Paulo, o preço do GNV subiu, em um mês, cerca de 18%.
Quem fez conversão precisa rodar 260 mil km para recuperar investimento.
A alta no preço do GNV já afugenta clientes das oficinas de conversão. Só no município de São Paulo, em apenas um mês, o preço do gás natural veicular subiu 18% em média, um reflexo direto da escalada do dólar nos últimos meses, de acordo com as distribuidoras.
“A partir de hoje, só álcool. No preço que está, não tem mais condição de trabalhar no gás”, comenta o taxista Maurício Novas.
Ele puxou a fila em um ponto de táxi de São Paulo, onde colegas também garantem: abastecer com GNV já foi vantajoso. Carlos Alberto Arantes relembra os bons tempos: “Em relação ao álcool, 70% de economia, à gasolina, 35%. Agora não está compensando mais, agora é só no álcool”.
Queda nas vendas
Os postos de combustíveis já sentiram a mudança. Em um deles, desde o início do mês, as vendas de GNV caíram 40%.
“Ficava fila de carros até lá em embaixo. Depois que aumentou, olha a situação, não ninguém agora”, comenta o frentista Igor Moreira.
Os aumentos tornaram mais estreita a diferença entre os preços do GNV e do seu maior concorrente, o álcool, diminuindo as vantagens de quem abastece com gás.
A partir de dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o Jornal da Globo calculou quanto custa o quilômetro rodado de um carro a GNV, em comparação com outro movido a álcool, em capitais onde o álcool é mais barato.
Em Belo Horizonte, o quilômetro rodado com GNV custa R$ 0,14 - apenas R$ 0,05 a menos que o com álcool. Em Recife, o carro a gás roda a R$ 0,15 o quilômetro, contra R$ 0,18 a álcool. Já em São Paulo, a economia é mínima: um motorista de veículo a gás gasta R$ 0,14 para fazer um quilômetro, apenas R$ 0,01 a menos.
O raciocínio dos motoristas não leva em consideração apenas os gastos na bomba. A conta inclui o custo da instalação deste kit, com cilindro e outras peças, que permite ao carro rodar a gás natural. Em São Paulo, os equipamentos e o serviço de instalação não saem por menos de R$ 2.600.
Em São Paulo, onde a diferença a favor do GNV é de apenas R$ 0,01 o motorista precisa rodar nada menos do que 260 mil quilômetros para recuperar o investimento da instalação do kit. Há dois anos, quando o preço do gás e do kit eram mais baixos, ele precisaria percorrer muito menos: cerca de 27 mil quilômetros.
Kits desinstalados
Para muitos motoristas, o caminho agora é longo demais. Em 15 dias uma oficina instalou apenas dois kits, mas já retirou 15. A maioria de carros 1.0.Em São Paulo, o preço do GNV subiu, em um mês, cerca de 18%.
Quem fez conversão precisa rodar 260 mil km para recuperar investimento.
“Eles preferem tirar. Eles estão carregando um peso, né? Um carro fraco, sendo que eles não tão tendo muita economia. A economia está inviável para eles. Pra esse tipo de carro, ta”, diz José Aurélio de Freitas Lopes, gerente de oficina.
Mas o presidente da Associação Latino-Americana de Gás natural Veicular acha que a fuga dos motoristas para o álcool é precipitada. “O GNV está com o preço alto devido ao fato de que ainda não foram corrigidas as diferenças que existem pra queda do preço do barril do petróleo e também da correção do dólar. A tendência é o preço do gás ser reduzido substancialmente durante o ano de 2009”, declara Rosalino Fernandes, presidente Ass. Latino-Americana de GNV.
Por enquanto, os números convencem mais que argumentos. “É o último carro com gás. Só se mudar o preço, né? Mas, pelo preço que está, não compensa mais”, diz o taxista Antônio Leite.
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