Preparamos esse texto interpretando as imagens disponíveis no pôster Embreagens de A a Z de operação, da SACHS Embreagens, que traz principalmente os problemas que podem ser causados pela má condução do veículo e também pela falta de atenção durante a aplicação do sistema. Pois a maior causa de problemas relacionados à mão de obra se deve a dificuldade dos reparadores em encontrar material didático sobre o assunto. Por isso, o Jornal Oficina Brasil publicou esta série de 4 matérias sobre o assunto.
Não estamos afirmando que toda a culpa de problemas ocorridos no sistema de embreagem seja do reparador, mas para evitar que eles aconteçam, apresentamos informações que facilitem o diagnóstico e a correção de falhas sucedidas durante a instalação de uma embreagem.
Vamos às fotos:
Apesar das fotos (fig.1 e 2) mostrarem quebras em itens distintos, ambas impossibilitam que a embreagem cumpra seu papel, ou seja, aparentemente o veículo está sem embreagem, pois o motorista tenta engatar uma marcha e essa arranha e não engata. As causas para ambos os problemas são as mesmas:
fig.1 - Mola de retrocesso empenada
fig.2 - Quebra do pacote torcional
. motorista que anda em baixas velocidades e marchas muito altas. São aqueles motoristas que trafegam a 30 km/h em 5ª marcha, por exemplo
. bruscas de marcha. A famosa condução esportiva, em que o motorista trafegando em altas velocidades, em 4ª marcha, por exemplo, resolve contornar um esquina e simplesmente reduz para a 2ª marcha
. de partes ou do conjunto, durante o transporte ou instalação. As quedas, mesmo em baixa altura, podem provocar empenamentos de suportes de fixação, trincas em partes internas e outros danos em todas as peças da embreagem
. montagem incorreta do conjunto.
Na figura 6 vemos que as estrias do cubo do disco de embreagem estão totalmente gastas, isso faz com que a embreagem fique totalmente inoperante, confundindo com os problemas descritos acima, mas neste caso a causa é diferente:
fig.6 - Estrias do cubo totalmente desgastadas
. desgaste excessivo no eixo piloto. Normalmente esse desgaste é provocado por trancos, porém a falta de lubrificação do eixo e a entrada de sujeira na caixa seca também contribuem para causar esse desgaste.
As figuras 3, 4 e 5 são muito importantes para compreendermos vários problemas, que podem ocorrer com uma embreagem, pois um garfo desgastado em seus pontos de contato provoca desgastes irregulares nas áreas de contato do rolamento (mancal) e no tubo guia. Esses problemas por sua vez ocasionaram trepidação em saídas, ruídos e até dificuldade/dureza ao acionar o pedal de embreagem. O desgaste no garfo pode ter como causas:
fig.3 - Garfo com desgaste excessivo nos pontos de contato
fig.4 - Desgaste irregular nas áreas de contato do rolamento
fig.5 - Desgaste irregular do tubo guia
. buchas quebradas ou desgastadas. O garfo, fabricado em aço, fica apoiado em buchas de metal mais macio, mas ainda assim metal e apóia o rolamento de embreagem, por isso seus pontos de contato podem sofrer tanto desgaste, quanto o platô e o disco de embreagem
. final de vida útil. Apesar de ser uma peça muito resistente, o garfo também se desgasta, porém em um ritmo diferente do platô e disco, por isso é recomendável sua substituição em todas as trocas de embreagem.
O excesso de curso de acionamento do rolamento de embreagem pode provocar problemas nos rebites do platô e desgaste no cubo do disco, demonstrados nas figuras 7 e 8. Isto não permitirá que o condutor engate as marchas do veículo quando o motor estiver ligado, pois no caso do platô o curso da mola membrana estará prejudicada e no caso do disco, este será forçado de encontro ao volante pelo próprio rolamento, impedindo que fique livre nas trocas de marcha.
fig.8 - Cubo com desgaste
fig.7 - Desgaste irregular do rebite na parte interna do platô
O deslocamento do rolamento de seu suporte, como aparece na figura 9, também impede o engrenamento das marchas, porém neste caso há outros fatores envolvidos além do excesso de curso de seu acionamento, como veremos:
fig.9 - Rolamento separado do suporte
. folga excessiva nas buchas de acionamento do garfo de embreagem. Mais uma vez o garfo gasto torna-se um problema para o sistema
. garfo desalinhado. O garfo de embreagem, devido à temperatura de trabalho, pode ter sua estrutura enfraquecida e realmente torcida devido aos esforços do sistema
. montagem incorreta do rolamento no garfo.
A contaminação por óleo ou graxa é o problema mais fácil de ser verificado, como no disco da figura 10, ele causa patinação e/ou vibração na embreagem, porém só existem duas causas para seu surgimento:
fig.10 - Contaminação com óleo ou graxa
. lubrificação excessiva do eixo piloto. Por isso, é importante não abusar ao lubrificarmos buchas, rolamentos e eixos, que estão dentro da caixa seca. Utilize a graxa à base de bissulfeto de molibdênio com moderação
. vazamento de óleo. Esta é a causa mais trabalhosa para ser solucionada, pois exige, que o motor e o câmbio sejam totalmente verificados quanto a vazamentos, pois o óleo tem uma facilidade muito grande de se espalhar para vários lugares.
Vibrações acompanhadas de barulhos, semelhantes a guizos, são características de molas de torção quebradas ou muito desgastadas, como na figura 11. Esse problema é provocado, quando o motorista utiliza marchas altas em baixas velocidades, nesse instante o motor não consegue vencer as folgas do sistema de transmissão e pequenos trancos são gerados no disco de embreagem danificando-o.
fig.11 - Molas de torção desgastadas/quebradas
Caso o condutor do veículo reclame de barulhos na transmissão e ao desmontar o sistema e não forem visualizadas as molas de torção do disco, ver figura 12, verifique o estado da bucha ou rolamento de apoio da ponta do eixo piloto, que está localizado no centro do munhão traseiro do virabrequim. Problemas deste tipo são comuns de ocorrer após um retifica de motor ou em motores de alta quilometragem.
fig.12 - Molas de tração ausentes
Problemas que envolvem o contato entre o rolamento (ou atuador) e as alavancas, ou mola membrana, do platô, como nos rolamentos e mola menbrana das figuras 13, 14, 15 e 16, invariavelmente implicam em barulhos no acionamento da embreagem, as causas destas avarias geralmente são:
fig.13 - Pista com desgaste
fig.14 - Rolamento fundido
fig.15 - Desgaste nos dedos da mola membrana
fig.16 - Bucha do rolamento desgastada
. curso de acionamento longo demais
. desgaste no tubo guia do rolamento (moringa)
. regulagem incorreta da folga entre o rolamento e os pontos de contato do platô
. garfo de embreagem muito gasto em seus pontos de contato
. motorista que utiliza o pedal de embreagem como apoio para o pé esquerdo, ou seja, permanece com o pé em cima do pedal de embreagem mesmo após ter passado a marcha desejada.
Finalizando um caso que pode confundir muitos mecânicos é o fato de alguns fabricantes de embreagens terem uma linha de remanufaturadas, neste caso o reparador deve ficar atento aos lacres das embalagens e as peças, que lhe são entregues, pois os fabricantes utilizam meios de identificar as peças retrabalhadas na própria empresa, através de códigos em seus itens, inclusive nos rebites das lonas do disco (fig.17), por isso em caso de dúvida não deixe de ligar no 0800 do fabricante.
fig.17 - Disco recondicionado por terceiros
Infelizmente a solução das avarias citadas acima, só será possível com a substituição completa do sistema de embreagem, pois pudemos confirmar que um único problema pode ser causado por vários agentes e pode gerar outros defeitos, por isso muito cuidado ao substituir uma embreagem. Siga corretamente as recomendações dos fabricantes e sempre esclareça suas dúvidas antes de terminar o serviço e entregar o veículo para o cliente.
(Site: www.oficinabrasil.com.br)
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